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segunda-feira, 20 de março de 2017

Primeiríssimo... A minha história (parte I)

   Achei que no primeiro post deveria contar a minha história para que possam entender o que me tem feito procurar vários complementos à minha cura. 
   No dia 30 de Novembro de 2015 fui operada aos dois ovários e às duas trompas, tinha os ovários cravejados de quistos e as trompas tinham aderências o que impossibilitava a passagem dos óvulos para que pudesse engravidar. A minha cirurgia foi na maternidade Júlio Dinis, agora Centro Materno Infantil do Norte (CMIN), e foi sugerida porque já não tinha menstruação à cerca de 8 meses devido a um transtorno hormonal que já tinha há anos. Devido a esta cirurgia fiquei a ser seguida em ginecologia no CMIN e em Março de 2016 realizei vários exames no mesmo local. Ao fazer a ecografia endovaginal senti uma dor numa zona interior onde o manípulo passava, não conseguindo identificar o local exato onde me doía. A médica que me estava a seguir achou que poderia ser endometriose e encaminhou-me para consulta de fertilidade para que me pudessem ser feitos mais exames. Essa consulta ficou marcada para Novembro do mesmo ano e, enquanto esperava pela dita cuja, fui fazendo um tratamento básico com medicação para tentar engravidar.
   Desde o referido exame em Março que comecei a sentir algumas alterações no meu corpo, nomeadamente prisão de ventre e por vezes uma enorme vontade de ir a correr para a casa de banho e em vez de saírem fezes apenas saía ar, ar e mais ar, até parar de doer. Com o tempo a frequência destes acontecimentos começou a aumentar e as minhas fezes começaram a assemelhar-se com caganitas de rato de tão pequenas que eram. Em Junho, para além destes sintomas, começou a aparecer um pouco de sangue no papel quando ia à casa de banho. 
   Na altura eu estudava e trabalhava, e nos dias em que ia trabalhar, por norma fazia muitos quilómetros a conduzir e então não comia para que não me desse a volta à barriga e tivesse que ir a uma casa de banho não tendo uma por perto por andar na estrada. Só ao final do dia, quando chegava a casa, é que podia comer. Achando isto estranho, fui ao médico e pedi para me passar uma colonoscopia, pois estes sintomas não eram nada normais. Andei a pesquisar na internet os meus sintomas e nunca pensei que com 32 anos seria cancro. Pensei que pudesse ter hemorróidas e o stress do trabalho e de estar a fazer a minha dissertação para terminar o curso pudessem estar a causar esses sintomas. Marquei em Maio o exame para o fazer em Junho. Durante o tempo de espera fiz uma dieta cuidada, deixando os fritos e doces, evitando a carne de porco e comecei a levar comida de casa para almoçar na escola e os sintomas melhoraram. Como a minha vida estava uma correria decidi desmarcar o exame pois achei que já não seria necessário.
   No dia 11 de Julho, eu e o meu marido apanhamos uma intoxicação alimentar e fomos para o hospital e eu fiquei bem pior do que ele. A partir desse dia, os sintomas voltaram e ainda piores do que antes. Uma semana depois, estava na altura da ovulação e tive umas dores horríveis que nem conseguia estar em pé e fui mais uma vez para o hospital. Lá fizeram-me palpação interior e eu gritava em cada sítio que me tocavam, as lágrimas escorriam-me pelo rosto e eu deitada na cadeira de ginecologia com as pernas nos apoios, subia pela cadeira acima para fugir aquela dor que era insuportável. As médicas que me atenderam pediram a uma enfermeira administrar-me medicação e disseram que se as dores não passassem que teria que ir para o bloco operatório para me abrirem e verem o que se passava pois ficaram muito assustadas com as dores que eu tinha. Ao final de algum tempo fiquei melhor e mandaram-me para casa dizendo que deveria remarcar com urgência a colonoscopia. Fui logo no dia seguinte remarcar o exame e consegui para a semana seguinte. Nessa semana entreguei a minha dissertação na faculdade, no dia 22 de Julho e dei por concluída a minha licenciatura. Finalmente, ao fim de 4 anos, sempre a trabalhar e estudar, com muitos altos e baixos, a cuidar da casa e do meu marido me tornei Terapeuta Ocupacional. O meu sonho tornou-se realidade, com muito esforço e sacrifício.

   No dia 25 de Julho, segunda-feira, fiz a colonoscopia. Quando cheguei ao local a enfermeira estava muito bem disposta e até brincou comigo, perguntando-me porque estava uma mulher de 32 anos a fazer uma colonoscopia... Na sala do exame mais uma vez brincaram pois nunca pensaram se tratar de nada grave... Quando acordei da anestesia, a enfermeira estava muito séria e disse para eu trocar de roupa com calma e que no final a doutora que me fez o exame queria falar comigo. Assim foi, chamei o meu marido que estava na sala de espera e ele entrou comigo para o gabinete. A doutora estava com má cara também, o ambiente estava mesmo pesado e, quando me sentei, ela disse que era um tumor, que não havia dúvidas, e que tinha recolhido uma porção para enviar para análise para ter a certeza se era maligno. Nesse mesmo dia fui ao centro de saúde para que me encaminhassem para o IPO do Porto para ser seguida lá. Pelo caminho liguei à minha mãe, ao meu pai e aos meus irmãos. A minha mãe não podia sair do trabalho, mas o meu pai, o meu irmão e a minha cunhada foram ter comigo ao centro de saúde e quando lá cheguei já lá eles estavam à minha espera, e um por um me abraçaram, nem sei explicar o que senti... vi o meu marido chorar e vi o amor nos olhos dele... vi o fim e mais uma vez vi o amor da minha família... chorei e ri... nem sabia o que pensar, foi um misto de emoções! Senti que a partir desse dia teria que lutar e que iria vencer, pois tinha ainda uma vida pela frente e era muito importante para muitas pessoas. Todos os meus projetos e sonhos ficaram em stand by. O projeto de ser mãe (mal eu sabia o que me esperava), o projeto de iniciar a minha profissão que tanto sonhei, ser Terapeuta Ocupacional, o projeto de construir a minha casa... Agora iniciava uma luta e teria de ser vencida!

   Para não me alongar mais, farei outras publicações com a continuação de tudo o que aconteceu posteriormente. 

   Para quem tiver que enfrentar algo idêntico ou tiver algum familiar ou amigo a passar por algo difícil lembrem-se que o amor é o melhor remédio. O amor da família, dos amigos, de todos à nossa volta. Isso  dá-nos força para continuar e sermos felizes...  :)

12 comentários:

  1. Muita força e coragem para ultrapassar esta fase da tua vida
    beijinhos.

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  2. Tive cancro maligno de pele e foi um choque que tive quando soube o mundo caiu, mas sem dúvida que o amor dos que me amam foi fundamental já se passaram 7 anos, lembro me como fosse hoje. O ano passado tive mais um susto e lá estavam eles apoiarem como sempre. Depois disto a vida muda. Cada detalhe é importante e o amor é prioridade. E o amor que recebemos é meio caminho andado. Muita força ❤️

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    1. Pois é Marisa, nós somos umas sortudas! Infelizmente vi pessoas no IPO, quando estive internada, que ninguém as ía visitar.
      Beijinho e muito força para si

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  3. Muita força !!!
    Também sou "cliente" do IPO cancro da mama .
    Beijinhos ��

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  4. Acreditar que tudo vai dar certo é fundamental. Também estou a ser seguida no IPO, cancro de mama. Beijinhos

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  5. Bom dia!
    Antes de mais, louvo a tua coragem {creio que te posso tratar por tu, temos a mesma idade} em falares da tua doença, e que doença, meu Deus!
    Vivi 8 meses este inferno com o meu marido, é uma doença destruidora para todos... infelizmente, perdemos esta batalha, mas ele deu-lhe luta até ao fim, nunca baixo os braços, e mesmo quando as notícias não eram boas, ele voltava a erguer-se com mais força... foi {e serás sempre} um guerreiro, um exemplo, de que mesmo doente, não deixou de viver... por ele, por nós e pelo nosso filho! Vivemos sempre rodeados de muito amor!

    Nunca desistas da vida... força e fé! Temos de acreditar {sempre} que vai correr bem!!

    Um bjinho de muita força <3

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  6. Olá, lamento muito o desfecho do teu marido! Até me vieram as lágrimas aos olhos... Nós, que sentimos na pele, sentimos as coisas de outra forma...
    Estive a ver o teu blog, ele deixou-te a coisa mais preciosa, um filho lindo, uma parte dele, a maior lembrança do vosso amor. Se sentires falta de falar podes contar comigo, passa no meu facebook e manda mensagem.
    Um beijinho muito grande e muita força para ti...

    com o tempo a mágoa vai passando e o nosso coração vai enchendo de carinho e amor com todas as coisas que as pessoas que nos amam nos deixam...

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  7. Em 1o obrigada pelo testemunho! Quanto à cura sem duvida o apoio familiar é o melhor suporte que podemos ter!😘😘😘

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